Saturday, April 30, 2005

Enquanto isso, na boate Cossacou ...

DIREITA FESTINHA E O STRIP DO REACIONÁRIO

Confesso

Eu gosto daquele programa Contos da Meia Noite, da TV Cultura, e assisto sempre que posso. Na verdade, eu tenho é inveja daqueles atores que podem declamar os textos com direito a edição e holofotes especiais. Eu deveria estar entre eles, e por um simples motivo: modéstia à parte, declamando isto, sou de arrepiar. Além de já ter sido muito elogiado nas minhas incursões teatrais. É verdade, não ria.

Ok! Eles só lêem textos nacionais. Mas e daê?

Germaine Greer e Shakespeare

Germaine Greer é a mundialmente famosa feminista e professora de literatura inglesa da Universidade de Warwick. Não sei se ainda é professora (o gugou não foi bem claro), mas era quando escreveu Shakespeare, livro sobre o qual irei comentar. Se ainda é professora, não sei, mas a possibilidade de ter deixado de ser feminista é bem improvável.

O Shakespeare de Germaine Greer é um apanhado de temáticas variadas e com um resultado bastante coeso para um livro que analisa as vastas obras de Shakespeare. E não se assustem os que torcem o nariz para o fator acidental- feminismo; não há nada no livro que comprometa o feminismo de Greer, nem uma análise de Shakespeare isenta de feminismo.

Mas eu não quero falar do livro todo, senão não saio desta cadeira.
Para mim, Shakespeare, assim como Camões e Dante, era a razão das pinicadas que eu sentia no crânio durante a adolescência- uma época em que, confesso, me agarrei na fé de que a literatura seria o caminho que me salvaria da mediocridade reinante. E a minha obsessão se voltava naturalmente para os grandes mestres; mesmo antes de feitas as devidas apresentações- e portanto sem que eu os conhecesse enfim; exceto, é claro, pelos nomes (ostentação é isso). E por aí se vê: o que não faz a neurótica combinação de hipocrisia e arrogância juvenil, não? Mas disso eu já me perdoei, e por dois motivos: havia uma sincera curiosidade do meu intelecto, que me fazia procurar por esses autores, e não há nada de errado ou trapaceiro nisso. O outro motivo foi o resultado das longas teorias sobre as obras desses grandes vultos. É que antes de ter o primeiro contato com a obra, eu costumava me indagar sobre o que haveria de tão grandioso, mágico, fabuloso e universal em algo escrito por um... gênio. E por essas e outras eu supunha coisas mirabolantes e que até hoje acho bem curioso de recordar.
Em uma dessas mirabolantes especulações, eu imaginava o que um gênio teria a dizer a respeito da Natureza (isso mesmo)- e é aqui que o livro de Germaine Greer entra na história.

Na verdade eu queria começar direto com uma peça, qualquer peça. Nada de livros que tentaassem me introduzir no universo do autor; mesmo porque a fidelidade às próprias concepções sempre foi minha marca regis. Mas acontece que minha professora entendeu errado o recado, e quando eu disse que queria conhecer Shakespeare, ela sorriu e no dia seguinte me apareceu com o livro da Germaine Greer-a feminista. Ok! ualá! Quem não tem cão, caça com gato; e lá fui eu ler o livro da Germaine. E no capítulo sobre Teologia estava lá, a natureza esmiuçada no Rei Lear.
Algo sobre a Natureza já havia sido esboçado em um capítulo sobre Sonho de uma noite de verão, mas eu ainda não estava satisfeito.
Sobre Rei Lear ela escreve tudo; comenta a senilidade do personagem e a dificuldade da maioria dos críticos em reconhecer esse fator em uma tragédia - herança aristotélica. A soberba de Lear e o desprezo que vai gradativamente se convertendo em humildade e fé ingênua; o Bobo como contraponto. Mas Greer não esqueceu da Natureza, e até hoje sou grato a ela por ter saciado a minha curiosidade já de cara.
O Rei Lear invoca os elementos da natureza e conclama que eles o obedeçam. Há também várias passagens em que os personagens (nham nham) personalizam a natureza. O próprio Lear chama Cordélia de:
"uma desgraçada de quem a Natureza sente vergonha /Quase, em reconhecer como sua".
Mas eram as invocações de Lear, no auge da loucura, que mais me impressionavam. Eu imaginava encenações onde a natureza pudesse compor um cenário poderoso e propício para a tragédia. Queria ver o Lear esmagado pela própria natureza e reduzido a nada em meio a uma indiferença majestosa; mais ou menos como em uma pintura de Turner- aliás, meu ídolo na época.
E nesse causo, acho que eu considerava Shakespeare moderno até demais, pois me mostrou que a tragédia não precisa de mitologia. Assim foi bem fácil considerar seu gênio logo de cara.
Porém, mais tarde, com a leitura das peças, a coisa foi mudando...

PS: Ainda considero Shakespeare um gênio.

Friday, April 29, 2005

(Insônia)

...Como viver se não se quer morrer?...Nã Franz! Uma martelada pode ferir o coco, mas Deus ajuda quem cedo madruga.

Thursday, April 28, 2005

Não resisti e fiz a paródia



E não percam Piu Piu Vol.2 (para cabelos crespos), pois é quando finalmente Piu Piu enforca a vovózinha nas tripas do Frajola.

Cotação: Duas patocas de goma;
Distribuição: Hômi Vídeo;
Censura: Liberado pra garotada;
Versão Brasileira: Hebert Richard

Darwinismo

O homem é um macaco infeliz.

Judiação

Poucas coisas são tão bizarras e risíveis quanto uma velhinha chutando uma pomba. E eu presenciei a cena. Ela ia tão obstinada no bichinho que durante o ato parecia recuperar o vigor de uma jovem.
Ela não só chutou a pomba, como também o pau da barraca que abrigava toda uma tradição (retratada à exaustão pela literatura, pela pintura de panos de prato e por mais uma penca de desenhos animados) segundo a qual os velhinhos devem dar de comer aos pombos. E ainda estrangulou o restinho de garoto inocente que havia em mim.

Eu troco!

Troco a minha habilidade nata de provocar as pessoas, sem que intencione (que fique claro), por um pouco do bom, frio e velho desprezo.
Troco a detestável responsabilidade de ter que provar que no fundo não sou vilão perverso, nem machuco, nem causo mal a qualquer almaviva, por um pouco de sossego e solidão.
Troco até mesmo a capacidade que tenho de enraizar-me na muringa daqueles que me fazem torcer para que me esqueçam...de brinde leve também os que me instigam a vaidade de ser lembrado. Oh! pro diabo, leve esses também.
Os que me amam com ódio, os que me odeiam com amor; não quero amor, só quero que me esqueçam.
Eis os votos de paz- de mim para comigo.

Wednesday, April 27, 2005

Cremo cremo cremo cremogema...

Agora que o novo Papa está aí, quero saber:

Afinal, de que cor que era a fumacinha, mainha?


-- Não era de cor de róseo, seu zagabound!

Para quem quer conquistar o mundo com um blog, eu declamo:

Vês? NInguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera
Somente a ingratidão -esta pantera - foi tua companheira inseparável!

There is a War

Agora fico sabendo que os EUA não mais farão buscas a procura de merd_ destruction no Iraque.
Algo de muito importante aconteceu nos últimos dois anos, mas não esperem por revelações. Toda a mídia ocidental, paralizada pela manipulação gramiscista-em-contínuo-e-silencioso-avanço , está interessadíssima em manter tudo em oculto...ora mas vocês não sabem?

O mais engraçado: uma equipe ficará de butuca para ser "acionada" (corda, zagabond!!) ao menor sinal da aparição de novas pistas.

Tá bom que não tem nada na Síria!
(segura na própria gola, esbugalha os olhos e grita: Preciso disso pra viver!!)

É como diria aquela patinha robô do Duck Tales: "É mentira...está mentindo tindo, tindo, tindo, tindÔ!"

Tuesday, April 26, 2005

Nápoles

Sobre a foto abaixo.

Pois bem, tentei deixá-la sem explicações, mas algo me impeliu a fazer o contrário. É que...como direi? Encontrei uma deixa para falar sobre fotografia. Isso não é demais?

Na verdade não há nada demais, apenas devo dizer que a fotografia é uma arte sem importância (quê? como?) a menos, é claro, que tenha algum valor sentimental para quem a vê.
Esta foto encontrei no gugou depois de buscar por "Recife 1985" na parte de imagens. O fato é que, levando em conta a ressalva (aquela que...), e observando a biografia deste que vos tecla; se separarmos o período de 1985 a 1987, teremos em mãos, justinho-e-definido, o tempo que corresponde a primeira infãncia, que passei em Recife. E todos deveriam ser sentimentais neste período (e/ou sentimentais por conseguinte), ou ter sentimentalismo exacerbado e incurável pela primeira infância, pois nela tudo é mágico e grandioso. E se a vida fosse boa, seria toda ela assim, sempre, como na primeira infância.
Não posso deixar de imaginar que eu bem que poderia estar atravessando esta avenida, no momento em que bateram esta foto. Na verdade posso me ver pequenino, segurando na mão de minha mãe e olhando com ódio melodramático para os ônibus, que todas as manhãs, sem falta, roubavam ela de mim e a levavam para o trabalho. Sem falta? Não me esqueço de quando os ônibus da Nápoles entraram em greve e minha mãe ficou em casa. Foi uma alegria pra mim...
Outro ponto: a tonalidade. Esse tom, que parece envolver tudo em uma bruma meio difusa, só contribui para a ligação afetiva. É definitivamente uma imagem capturada do meu passado, e reforçada pela idéia de que a avenida fica em Recife. E as grandes avenidas sempre estavam próximas ao mar. Já havia uma ligação na minha mente de seis anos, e ela associava avenidas movimentadas à praia. Hoje, quando passo por uma avenida movimentada, debaixo de um céu limpo...se vejo um pedaço de palmeira, mesmo estando em São Paulo, já sinto cheiro de sargaço. Mas isso eu sei que é psicológico.
O que eu quero dizer é que não consigo ver graça em fotografias que não tenham valor sentimental. São geralmente frias e sem beleza, por mais bem trabalhadas que estejam. E só me sufocam na tentativa desesperada de transmitir algo.

Saturday, April 16, 2005

Férias de Natal

Estou lendo Férias de Natal, do William Somerset Maugham -um dos meus escritores favoritos. Sim, o livro é bom, não me decepciona, embora eu desconfie de que o melhor do bruxo Maugham eu já li. O que não estou gostando nada é que minha cabeça ainda fervilha com as impressões da minha leitura anterior- Ana Karenina, do Tolstói.
Sei não, mas sinto que estou chifrando o Maugham, e isso não é legal.
Já sei, vou procurar uma ferrovia!

Tédio.com

Eu gostaria muito de entender o que acontece com essas pessoas que vivem se referindo ao universo mongol...digo, blogal. Estão sempre fazendo referências à blogs, e com tanta "propriedade" que chega a espantar. Eu acredito que seja pura falta de assunto, porque não há desculpa para uma coisinha tão chinfrim como essa.
Cinema faz referência à filmes, músicas fazem uso de referências musicais , e literatura com esse troço chamado intertextualidade você ainda traga porque cinema, música e literatura, além de serem formas de arte, já têm lá a sua estradinha consolidada . Já o blog, definitivamente não. Tudo na internet acontece rápido demais, e a profusão de coisasitas e informações não dão tempo para consagrações assim. E blog não é arte, não é movimento cultural, nem revolução, nem porra nenhuma. Quem faz muita referência ao universo mongol...digo, blogal, parece sofrer de uma pretensão crônica, e estão por demais iludidas com a idéia de que pertencem a um movimento- cultural-tipo-assim-muito-trislegal, saca?
Exemplos de referência mongol (desisto):
- Pessoas que não emendam dois posts sem usar as palavras: blog, blogueiro, blogosfera, bons blogs, ruins blogs, blogs que dançam tchá-tchá-tchá ;
- Pessoas que vivem dando "dicas"(oh! segredo do sucesso) de postagem;
- Pessoas que enchem seus blogs com regras de postagem (vá cagar regras no inferno)

Sem contar que quem assim procede deixa uma triste e lastimável impressão nos leitores, sobretudo em mim. É que dão a entender que vivem de blogs, cheiram blogs, comem blogs, sonham com blogs, trepam pensando em blogs...credo! Get a life.