Friday, September 30, 2005

Um dos melhores


Filme, trilha sonora, roteiro, cartaz...simplesmente perfeito.

Le Mari de la Coiffeuse
(O Marido da Cabeleireira)
França/1990
Direção: Patrice Leconte;
Elenco:
Jean Rochefort
Anna Galiena
Roland Bertin
Maurice Chevit
Música: Michael Nyman

Wednesday, September 28, 2005

A vida é uma ilusão, querida.

-Mas me conta...fiquei sabendo por alto. É verdade mesmo?
- É!
- Mas, mas...pro Egito? Ela foi pro Egito?
- Foi!
- E essa pessoa com quem ela foi se encontrar...conheceu pela internet?
- É! Tudo pela internet!
- Nossa! Mas ela foi assim, às cegas?
- É...eles ficaram se comunicando por uns três meses pela internet, né! Ele aparecia dando tchauzinho nesse negócinho aí...como é que chama?
-Webcam!
- Pronto! Isso mesmo. Eu ainda disse assim pra ela: "menina, tu vê bem isso!"...mas ela foi mesmo assim!
- Poxa vida! Pro Egito. Estou sem acreditar!
- Pois é, legal né?
- É...legal!
- Parece coisa de uma novela...como era mesmo o nome?
- Acho que eu sei: Cambalacho!

Tuesday, September 27, 2005

Comedian Harmonists

Como não sei alemão, canto tudo errado mermo.
Por favor, se alguém souber alemão e puder traduzir, agradeço. Si não puder, agradeçu da merma forma :)

Wochenend und Sonnenschein

(Comedian Harmonists)

Wochenend, Sonnenschein,
brauchst du mehr, um glücklich zu sein?

Wochenend und Sonnenschein
und dann mit dir im Wald allein,
weiter brauch ich nichts zum Glücklichsein,
Wochenend und Sonnenschein.
über uns die Lerche zieht,
sie singt genau wie wir ein Lied,
alle Vöglein stimmen fröhlich ein,
Wochenend und Sonnenschein.
Kein Auto, keine Chaussee,
und niemand in unsrer Näh.
Tief im Wald nur ich und du,
der Herrgott drückt ein Auge zu,
denn er schenkt uns ja zum Glücklichsein
Wochenend und Sonnenschein.

Nur sechs Tage sind der Arbeit,
doch am siebten Tag sollst du ruhn,
sprach der Herrgott, doch wir haben,
auch am siebten Tage zu tun.

Wochenend ...

Sem condições

Enquanto as pessoas continuarem a acompanhar com avidez os acontecimentos políticos; com as unhas roidas por causa da emoção, os calafrios de suspense quanto ao próximo capítulo, os potões de pipoca amanteigada, poltronas aconchegantes e grandes excitamentos diante do escândalo fresquinho, esse país não sai da sujeira.

De como nasce o pudor (filosofia de segunda /26/09)

Não pode ser correto dizer que o pudor é uma herança da cultura judaico-cristã.... tem algo de errado nisso. Assim como não é certo associar sempre essas duas coisas. Que existe uma linha comum e tênue é inegável, mas ela se restringe aos nossos conceitos, formado ao longo dos anos, e só serve para quando estamos discutindo (especulando) coisas, mas nunca para quando estamos vivendo.
Na realidade, longe dos teoremas, as coisas mudam, porque ninguém, ou quase ninguém, pára para pensar em cultura na hora de conter um desejo ou se entregar a ele.

O pudor é feito da mesma matéria que o desejo e já está dentro de nós - a diferença é que o seu sentido é inverso. O pudor está para nós assim como o instinto de preservação está para a selva. Temos todos esses dois impulsos, que se equilibram ou pendem conforme pessoas, épocas ou situações. São coisas nossas, inerentes, e não regras, sabedorias ou ditames; enfim, algo que venha "de fora". Se tivéssemos só o desejo, sem uma “trava” para contê-lo, viveríamos como os animais e certamente não seríamos tão complexos.
Penso que é errado atribuir o pudor à cultura judaico-cristã porque essa tal de cultura judaico-cristã teria que ter muito “chaveco” para eliminar o desejo das vidas das pessoas. Other words: esse decreto contrário às paixões teria, obrigatoriamente, que falar a mesma língua do desejo; o que só é possível caso seu movimento seja de dentro para fora, e não o contrário.

Monday, September 19, 2005

The Man Who was Thursday

"The pale face thus peeled in the lamplight revealed not so much rage as astonishment. He put up his hand with an anxious authority.
'There is some mistake', he said. 'Mr Syme, i hardly think you understand your position. I arrest you in the name of the law'.
'Of the law?' said Syme, and dropped his stick.
'Certainly!' said the Secretary. 'I am a detective from Scotland Yard', and he took a small card from his pocket.
'And what do you suppose we are?' asked the Professor, and threw up his arms.
'You', said the Secretary stiffly, 'are, as I know for a fact, members of the Supreme Anarchist Council. Disguised as one of you, I-'
Dr Bull tossed his sword into the sea.
'There never was any Supreme Anarchist Council', he said. 'We were all a lot of silly policemen looking at each other. And all these nice people who have been peppering us with shot thought we were the dynamiters. I knew I couldn't be wrong about the mob.', he said, beaming over the enormous multitude which stretched away to the distance on both sides. 'Vulgar people are never mad. I'm vulgar myself, and I know. I am now going on shore to stand a drink to everybody here."

G.K. Chesterton

Estou adorando o livro. Cheguei no suspense maior, o derradeiro, e parei um pouco com a leitura; tive que separar esse trecho.

Saturday, September 17, 2005

O mal do canastrão

Das coisas que um ator não pode fazer de maneira alguma:

Tentar roubar a cena e/ou tentar ser um bom ator. São esses os dois pontos periclitantes, e só esses, que são capazes de transformar um ator em um perfeito canastro.
Não adianta estudar, ler quilos e mais quilos de teorias - vejo atores que só pioram na medida em que se preparam. Tentar imprimir virtuosismo forçado nas atuações é uma forma de querer ser bom que também não dá certo; não é assim que se melhora a coisa toda.
Das vezes em que subi em um palco, mesmo quando ainda era bem novo, sempre mantive o foco da minha atenção na necessidade de embarcar no espírito daquilo tudo. É preciso entender que a encenação é como uma brincadeira na qual você conhece todas as regras, e a principal delas é: brincar, ou pelo menos fingir que está brincando. Se você não sabe embarcar nessa brincadeira, possivelmente também não consegue se entregar à um rítmo e deixar a música levá-lo, enquanto dança, pois está muito preocupado se vai dançar feio e desengonçado - o princípio é mais ou menos esse.
Atuar não é muito diferente do que aquilo que fazemos nos momentos inspirados da vida real; geralmente quando ninguém está vendo. É como quando estamos passeando por uma rua bonita e temos aquela repentina sensação de que tudo faz sentido, que a vida é uma orquestra maravilhosa na qual nos sentimos imensamente gratos por poder participar. Nesse estado de espírito, digamos...sublime, você se encontra suficientemente sensível para poder forjar todo tipo de sentimentos e sensações: dor, alegria, ódio, euforia, disposição, cansaço - podendo transitar por todos eles com muita facilidade. A alegria é o princípio, e é através dela que subjulgamos todos os outros sentimentos. É por isso que é difícil forjar alegria quando se está triste, enquanto que o contrário é bem fácil de se fazer.
A maior dificuldade não é encenar um texto consagrado, como um Shakespeare, mas sim manter aquela inspiração inicial, ou dos ensaios, mesmo depois das repetidas apresentações. Fazer isso é quase impossível, porque chega uma hora em que a mágica se quebra. É como o amor: uma hora acaba, e é aí blau, blau. Da mesma forma, quando estamos andando pela rua bonita, chega um momento em que aquela sensação de beleza e perfeição cessa, e você é lançado de volta para os problemas costumeiros da vida. No teatro, depois que isso acontece, vai da capacidade de cada um poder superar esse drama e prosseguir, sem teorias nem técnicas para ajudar; é preciso partir pro peito e pra raça - pelo menos era assim comigo. Nesse momento acho que o que me salvava era o pensamento: faça o que quiser, mas não tente ser bom ator.

Vejo o rosto constrangedor de um canastro durante uma cena; seja na tv, no cinema ou teatro, e consigo adivinhar os pensamentos dele no momento exato da atuação, o único que resta: sou um bom ator, sou um bom ator, sou um bom ator... - repetido como um mantra.
Se o ator está preocupado demais em ser bom, possivelmente não vai sobrar espaço na mente dele para poder sintonizar no que está acontecendo ao redor, isto é, no universo que está sendo posto em cena.
Um texto, sendo bom ou ruim, sempre possibilita uma variedade de elementos para compor um universo, ainda que pequeno, e é esse universo que vai guiar o ator, como no exemplo do dançarino levado pela própria música. Quando for encenar o texto de um determinado autor, procure ler tudo dele, até a biografia do sujeito. Se o autor for muito ruim, ou não lhe disser nada, tente procurar o correspondente bom dele, ou seja, alguma obra que já tenha trabalhado de maneira eficiente com o mesmo tema - é sempre possível dar um jeito; o que não pode é culpar totalmente um escritor pelos desastres de atuação, porque cabe a você, como ator, ampliar aquele universo que ele começou a construir; ou que pelo menos tentou.

Roubar a cena também é outro problema, porque você só consegue fazer isso se for bom, e para ser bom você precisa se livrar dessa idéia, antes de tudo. E assim temos um paradoxo.

Colunas

Fico lendo as colunas do Eduardo Carvalho, principalmente aquelas em que ele escreve sobre suas viagens, e só falto babar no meu teclado. O rapaz viajou praticamente toda a Europa e explica muito bem as características de cada local, em textos simples, acessíveis e ótimos de se ler. E olha que nem sou lá muito cosmopolita.
Eu já havia percebido que o Eduardo tem ótimas idéias a respeito de literatura, lendo as colunas sobre livros: dos grandes clássicos aos totais desconhecidos. Aliás, um dos melhores textos dele é exatamente uma análise do que vem a ser clássico.
Mas voltando às viagens: o que é mais interessante nesses "relatos" é que as impressões, sensações e lembranças mais profundas não são reveladas nos textos. Isso porque o autor sabe que certas coisas não podem ser verbalizadas; ainda mais naquelas breves linhas. E se elas não podem ser descritas é porque, ao contrário de ter imaginado tudo, o Eduardo de fato esteve lá e vivenciou todas elas. Muito diferente de jovens que nem sabem o que é Europa (pelo simples fato de que nunca estiveram lá), mas vivem arrotando um pedantismo insuportável para falar de coisas que leram nos livros, ou viram em outras obras de arte - erguidas como estandartes do (oh!) requinte e bom gosto - outros falam mal de certas coisas, como se fossem peritos e, embora tenham de fato viajado, não abandonaram as frivolidades e os cacoetes de um verdadeiro cabaço.
Não adianta, é preciso viver, presenciar, conhecer de verdade, antes de levantar a voz para falar sobre qualquer coisa, e talvez o resumo do que seja pedantismo tenha a ver com o deplorável vício de colocar idéias preestabelecidas diante da vivência.
Dá gosto de ler o Eduardo, e volto a dizer que os textos sobre literatura também são fabulosos. Só não dou muito crédito para as opiniões cinematográficas do rapaz (mas isso é outra história).
Eduardo é exatamente um mês mais velho que eu, e lendo a apresentação dele no Digestivo Cultural descubro que começamos a gostar de literatura com a mesma idade, através de um mesmo escritor - William Somerset Maugham. Bem, as semelhanças param por aí, pois o Eduardo é muito mais refinado, classudo, viajado e inteligente que eu - este-pobre-camponês-colhedor-de-amoras, etc...E chega de rasgar seda.
A única coisa que não entendo é o porquê de ele escolher Caos Paulo para viver - deve ter suas razões.

Para alguém que aqui caia de pára-quedas: vá para . E viva minha geração, que não está de todo perdida.

Tuesday, September 13, 2005

E no colegial...

Minha professora de literatura dizia:
- Seu texto está bom, mas precisamos enxugá-lo. Vamos dar uma enxugada no seu texto!

E lá ia eu, imaginar minha jovem professorinha, encurvada em um tanque, com avental e um pano amarrado na cabeça; torcendo meu texto, expremendo meu texto e dizendo:

Eita que ele tá ficando enxuto que tá uma beleza. Em dois palitos vai ficar uma perfeição. Não digo nenhum Camões, mas...

E secava a testa com as costas das mãos.

Rede de intrigas

Não consigo levar a internet a sério. É por isso que rio quando vejo brigas virtuais - são sempre muito engraçadas. Não só as brigas, mas a forma como as pessoas ampliam suas convicções e exageram, querendo dar a última palavra e perdendo toda a razão. É divertido porque não são crianças envolvidas; são pessoas (gosto de assim pensar) que já podem chutar o balde sem muitos traumas ou grandes desilusões.
Certamente o fato de eu rir dessas coisas faz de mim um (oh!) boçal, ao ver de muita gente. E se eu disser que também não me importo com isso?
É engraçado, as pessoas distribuem gratuitamente as fartas "munições" para as piadas e ainda querem que você deixe passar batido...ah, no, no, no, no! Sinto muito.