Thursday, October 27, 2005

Filosofia de quinta (27/10)

Na vida, os problemas são todos inconstantes- uma montanha russa só. E a dificuldade de solucioná-los reside justamente nessa inconstância. Um mesmo problema jamais se apresenta duas vezes com a mesma face: antes ele se transfigura, com sutileza impressionante, e só então retorna para se reinstalar na vida do indivíduo. Por isso nunca temos uma base prévia do que está por vir, e é sem essa base que somos postos frente-a-frente diante dos problemas; sem tempo para pensar, medir, calcular uma reação e reagir. É como se estivéssemos lidando com um vírus, só que a vacina é preparada por nós mesmos, os doentes, durante o processo da doença, independente de momentos críticos ou traumas.
A maioria, a grande maioria das pessoas procura maneiras de projetar os problemas, antes mesmo que eles apareçam. Uns escolhem escapismos, outros, talvez mais prudentes, lançam mão de idéias preestabelecidas: e assim temos os conceitos de moral, sabedoria e virtude prontos para servirem de auxílio. Se esses conceitos são bons ou ruins, não vem ao caso aqui; eu particularmente acho que na essência são todos bons. O que me perturba, porém, é que muitas vezes essas idéias “antídoto” acabam virando idéias fixas, e é nesse ponto que surge um novo problema: a precipitação
No afã de assegurar uma total proteção contra as vicissitudes, as pessoas acabam buscando uma única fórmula padrão que seja imbatível e que sirva para problemas distintos e diversos: dos mais cabeludos aos mais corriqueiros. Então, a moral, que deveria ser usada em uma ocasião determinada, acaba se sobrepujando e invadindo outras áreas da vida, onde ela não é necessária ou mesmo saudável. A virtude passa a ser uma febre obstinada, que não poupa ocasião nem lugar para “revelar” sua suposta grandeza.
Não estou sendo relativista, apenas procuro ser razoável. Ora, se preciso dessas idéias que me guiem, também preciso direcioná-las de modo que a vida não seja uma massa de preceitos e teorias calculadas. É tolo se revestir de uma couraça da mente na ilusão de que assim os problemas se afastarão. Isso não acontece, e por uma simples razão: a vida não é uma coisa só. As adversidades são como os impulsos da natureza: não nos respeitam; pouco se ralham para o que pensamos ou do que desgostamos. A vida humana é pequena demais para poder controlar o engenho primitivo das coisas.
Ah, já sei: agora estou sendo cético e pessimista.

...e dentro do ônibus os passageiros descobriram nosso plano:

- Nós sabemos aonde vocês estão indo, fazer o que, e com quem; pois estamos indo para o mesmo lugar, fazer a mesma coisa, com a mesma pessoa!

Thursday, October 20, 2005

Gente fina

O Digestivo Cultural completou cinco anos de existência. E o que dizer da festa de comemoração foi um estoporo.
Fomos muitíssimo bem recebidos, pra começar - estavávamos eu e uma amiga. Conhecemos o editor e mais alguns colunistas, entre bebidas e conversas...
Este rapaz, além de muito simpático, também é paciente, pois foi capaz de aturar as bobagens que nós dizíamos na mesa. Vou querer ler o "120 Horas", pode ter certeza. Ele é amigo de longa data do Ram - contou umas coisas aí, viu? (brincadeira).
Aqui eu já havia elogiado os textos do Eduardo; conhecê -lo pessoalmente foi uma grata surpresa. Extremamente gentil e atencioso, e modesto, também sentou conosco e ouviu nossas besteiras. Morri de vergonha quando soube que ele conhecia meu blog, mas tudo bem...

Essa festa foi boa, não só para conhecer gente bacana e inteligente, mas também, de quebra, serviu para que eu engolisse tudo que disse sobre a não existência de bares e lugares interessantes em sampa
Pena que não podíamos ficar mais tempo; se fosse por mim, ficaríamos a festa inteira, porque estava muito boa. Minha amiga, recente leitora do site, ficou encantada com tudo, e disse que se houver outra dessas e eu não avisá -la, ela quebra meu pescoço.
Enfim, vida longa, e bem merecida, aos colunistas, ao editor, ao site.

:^)

É o tempo...

Você começa a perceber que está ficando velho quando seus sobrinhos, na faixa dos 13/ 14 anos, estão tendo uma conversa muito empolgada, relembrando dos velhos tempos da primeira infância, quando o lance era estourar saquinhos de salgadinhos e ver o pozinho amarelo voando pelos ares. Sim, e quando isso aconteceu você já não era mais criança. Você já sabia de coisas demais até.

Friday, October 14, 2005

Queria um bar onde tocasse isto:

Freddy Quinn - La Paloma

Cenas de sangue no bar

Deixei de ir a bares. Por causa das várias brigas e por causa daquilo que chamam de música ambiente.
Minto, as brigas até que me divertiam, e é um milagre que de todas nenhuma terminou em tragédia. Nunca levei a pior (e por incrível que pareça, já que sou franzino). Não, não...teve uma vez que me derrubaram no meio da avenida e eu me estatelei feito uma jaca madura, mas essa não valeu: eram dois contra mim. Na verdade, em todas as confusões o inimigo estava sempre na maioria, em vantagem, mas o confronto físico geralmente era de um para um. Lembro de um gordo que tentou me jogar no chão, segurando pela minha beca. Fiquei com tanto ódio que um simples empurrão e um grito de "qualé que é a sua?" fez ele voar longe e terminar com as banhas esparramadas pelo chão . Tiveram que me segurar para que eu não quebrasse aquela cara balofa. Acho que esse episódio foi o único no qual eu fiquei com ódio feroz. Das outras vezes eu demorava para entender o que se passava ao meu redor - ficava em um daqueles transes em que você se vê diante de uma situação tão absurda, que acaba sendo difícil crer que, de fato, a coisa toda esteja acontecendo. Nesses casos, se eu batia era mais para me defender do que para causar mal.
Os motivos das brigas? Os mais banais possíveis: de um simples esbarrão à uma palavra mal compreendida.

Sou um sujeito pacífico; fujo do banzé como o diabo da cruz, mas eu não sei o que acontecia, parecia coisa combinada. Não passava dois meses sem que eu me metesse em uma treta, e os tipos com os quais eu me engalfinhava eram os das piores espécies. Então, num belo dia, me convenci de que não valia a pena sair à noite, despretenciosamente, e acabar me deparando com essas criaturas que saem com o intuito de arrumar briga. Claro, não posso ocultar um fato: sou um rapaz suburbano, então os bares que eu frequentava não eram esses que se pode chamar de lugares civilizados. E é sabido que as classes menos favorecidas são as mais estouradas - vide as tragédias que aparecem nos notícias populares da vida. Mas ainda que a questão "violência" não seja um problema nos lugares menos ralé, um outro problema ainda persiste: as músicas

É triste se acomodar num ambiente, pedir uma bebida, e ter que ouvir uma música ruim. Não dá, não tem clima e ecletismo que resistam a isso. Você ainda tenta ignorar o lixo musical, mas não tem jeito, ele é a sua trilha sonora daquele momento. Você não pediu, não teve escolha, mas ela está lá, a música hedionda, embalando a ocasião e servindo como pano de fundo para seus pensamentos, suas conversas...
A invasão musical (poluição sonora) deveria ser considerada um crime.

Duas coisas sobre o referendo:

1 - Terei que trabalhar como mesário no referido dia. Ó vida, ó céus;

2 - Caso o povão opte pelo "sim", o governo irá cortar o meu pinto.

Monday, October 10, 2005

Deu no noticiário

O frio em São Paulo não vai acabar nunca mais.

Saturday, October 08, 2005

Enquanto isso, em Gotham City

No one knows what it's like
to be the Batman
to be the Bruce Wayne
Behind blue mask...

Monday, October 03, 2005

Poor, poor me Israelites

A felicidade do pobre dura tão pouco que não dá tempo nem de vendê-la a preço de banana.

Definição

O único processo de auto definição aceitável é o profissional. Todos os outros são problemáticos.