Wednesday, June 22, 2005

Velvet Underground

CRIMSON AND CLOVER

Ah, now I don't hardly know her
But I think I could love her
Crimson and clover

Ah when she comes walking over
Now I've been waitin' to show her
Crimson and clover over and over

Yeah, my, my such a sweet thing
I wanna do everything
What a beautiful feeling
Crimson and clover over and over

Crimson and clover over and over

A Estranha Maldição

Descobri que gosto de filmes e romances policiais. Antes, por pura falta de interesse, eu passava longe de tudo o que envolvesse solução de crimes misteriosos, detetives e etc.
Lendo A Estranha Maldição, de Dashiell Hammett, fui obrigado a passar em vista todos os meus preconceitos com relação ao gênero. Aqui não é só a solução do mistério que faz o livro interessante; tem também os diálogos intrigantes, as situações absurdas ( porém críveis) e a ausência de clichês.
Um desses contornos de clichês, para não mencionar o do assassino misterioso, é o do detetive durão. Um dos motivos da minha suspeita diante do gênero policial era essa coisa do herói turrão -o fodão da história. Tenho aversão a autores que tentam conquistar o leitor com esse tipo de artimanha. Um bom personagem não precisa ser exagerado para me cativar; aliás, sou dos que consideram secundárias as idiossincrasias de personagens; deixo essas coisas sempre para segundo plano.
O detetive de A Estranha Maldição simplesmente não tem tempo para ficar desfilando uma suposta fodice, ou imprimir em cada página um: "Eu sou demais!" - as coisas vão acontecendo com tamanha rapidez, que sua atenção (a do leitor) é obrigada a se espalhar por todos os aspéctos do romance, inclusive os descritivos. E isso é emocionante.
A maldição, a hipótese do sobrenatural, não pode ser descartada em nenhum momento, embora o detetive pense o contrário; e se eu "desse ouvidos" a todas as falas dele (por ser fodão) o romance perderia a metade da graça.
Estou quase no fim do livro; lendo bem devagar, com aquele dó de terminar. Mesmo que o final me decepcione, coisa de que duvido muito, o livro já é um dos meus clássicos. Ainda quero ler tudo de Dashiell Hammett.

Monday, June 20, 2005

aves migratórias

Invejo os homens que precisam de heróis.
Eu não consigo precisar de heróis.

Saturday, June 18, 2005

Submission

Janer Cristaldo deixou um link para a matéria e entrevista com a deputada holandesa Ayaan Hirsi Ali.
Trecho:

Der Spiegel
- Agora é a sua vez de falar como se fosse uma mártir de uma causa. Os terroristas de 11 de setembro de 2001 também morreram por uma idéia.

Hirsi Ali - Eu gostaria de fazer uma distinção a este respeito. Se todos nós permanecermos sem fazer nada e em silêncio, haverá muito mais do que uma ou duas pessoas mortas apenas. Eu prefiro acompanhar o pensamento do filósofo Karl Popper (Sir Karl Raimund Popper, austríaco, 1902-1994). Ele explica que a liberdade nunca pode ser dada como garantida. Ela é vulnerável. Todos nós devemos lutar por ela e estar dispostos a morrer por ela.

A cena islâmica é muito agressiva. Esses muçulmanos que pretendem matar pessoas recebem fortes apoios dos seus países de origem. Existe muito dinheiro para tanto, existem muitos patrocinadores interessados e existem quantidades de pessoas desesperadas que optam por seguir este caminho. Nós temos que nos proteger se quisermos preservar os nossos valores ocidentais. O preço que nós pagamos por isso são essas ameaças de morte.

Link para a entrevista completa.

Friday, June 17, 2005

Pobre de quem...

Ai, ai...os suscetíveis! Tão cômicos em suas su-su-su-suscetibilidades banais.
Deve ser dura a vida de quem leva tudo o que não seja um elogio escancarado para o lado da crítica ácida ou do puxão de orelha malvado.
Vem, ataca o tio, vai...chuta o titio! Quem sabe se não alivia todo esse ressentimento...

Suspeito de que essas pessoas sofram muito na vida. Fazê, né...?

Um sambinha do Noel Rosa, pra descontrair:

Filosofia

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se eu vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia a viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim, vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Ele não tira o chapéu!

Sobre esse questionário literário que andou circulando pela interNeide: que livros você leu? Que livros sua mamãe te deu, blá, blá, blá, blá...
Não perco tempo lendo aquilo tudo: vou direto naquela questão dos livros da ilha deserta, que é a única relevante.
Pasmem: tem gente temente a Deus que levaria um balaio de tratados filosóficos e teologia do padre para a maldita ilha deserta, mas não levaria...a Bíblia!
Eu, hein!

Mikhail Bakunin

Em um site anarquista encontrei o discurso de Mikhail Bakunin no Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores. Segue abaixo:

"Detesto a comunhão, porque é a negação da liberdade e porque não concebo a humanidade sem liberdade. Não sou comunista, porque o comunismo concentra e engole, em benefício do Estado, todas as forças da sociedade; porque conduz inevitavelmente à concepção da propriedade nas mãos do estado, enquanto eu proponho a abolição do estado, a extinção definitiva do princípio mesmo da autoridade e tutela , próprios do Estado, o qual , com o pretexto de moralizar e civilizar os homens, conseguiu até agora somente escravizá-los, persegui-los e corrompê-los. Quero que a sociedade e a propriedade coletiva ou social estejam organizadas de baixo para cima por meio da livre associação e não de cima para baixo mediante da autoridade , seja de que classe for. Proponho a abolição da propriedade pessoal recebida em herança, a qual não é senão uma instituição de Estado, uma consequência direta dos princípios do Estado. Eis aí senhores por que eu sou coletivista e não comunista".

Sonhos

Sonhar de menos é se inteirar com a realidade, e vice-versa. É por isso que costumamos dizer que quem sonha demais não vive. Aliás, muita gente se confunde com essas duas coisas.
Creio que a saída seja simplesmente não sonhar. Estar sempre alerta pode soar como um exagero, mas é uma medida útil para a vida prática e cotidiana.

Falando agora daquele sonho que temos ao dormir: Há um tempo atrás eu despertava de um sonho sempre que percebia que estava sonhando. Descobrir que tudo não passava de um sonho era a regra para que o feitiço fosse quebrado e eu imediatamente acordasse, muitas vezes irritado. Era como se a máscara caísse e eu não tivesse mais nada a fazer a não ser sumir (acordar). Percebia o sonho e tinha noção de uma farsa que julgava impossível sustentar apenas com a imaginação; e lá ia eu de volta para a vigíla, mais por lei que por vontade.
Ultimamente não tem sido assim. Não acordo quando percebo o sonho, e além de não acordar fico o tempo todo olhando para aquelas imagens e sons desgovernados, com uma frieza espantosa. E ainda represento: faço de conta que estou sonhando... nunca se sabe, né? Já que a lei é acordar assim que perceber a farsa, talvez permanecer no sonho nessas condições seja uma forma de intromissão naquele universo de pessoas e cenários fantasmagóricos. Vai que aquelas figuras oníricas fiquem com raiva e resolvam me matar enquanto estou dormindo? É por isso que, por via das dúvidas, não sei de nada, ainda estou sonhando...
Mas não me privo de fazer pose de macaco velho: Pensam que me enganam só porque estou dormindo, não é? Saibam que com Franz as coisas não funcionam assim, pois teco...mas não funcionam mesmo...

Sinceramente não sei como explicar este fenômeno. Talvez eu esteja ficando velho e realista demais.

Wednesday, June 15, 2005

Vamos brincar de montagem?

Prestem bem atenção nas figuras abaixo. São dois momentos de Rita Hayworth no filme Gilda (1946)
A
B

Percebam que na primeira figura (A), Rita observa da janela alguma coisa que acontece do lado de fora - apesar de ela estar de costas, eu arriscaria dizer que neste momento ela franze o sobrolho, fazendo um baita esforço para descobrir o que diacho se passa . Na segunda figura (B) vemos a Rita voltando da janela com a curiosidade já devidamente saciada. Notem que apesar do semblante tranquilo- como o de alguém que diz: "Ufa! Ainda bem que não é nada!"- Rita traz um certo desapontamento no rosto, e sorri meio embaraçada , como que querendo vencer o constrangimento (sei que a imagem não está muito boa, mas examinem bem..não é invenção minha).
Pois sim, a brincadeira que eu proponho é criar versões com falas para os dois momentos; sendo a fala da figura B meio que uma consequência do que ela viu na figura A. Vejamos como fica:

1)
A - Olha, mais uma declaração do Palocci!
B - Nevermind!
2)
A- Olha, mais uma notícia do caso Michael Jackson!
B - Está sentindo um cheiro de barata?
3)
A- Olha, um novo tema para o debate entre direita e esquerda!
B - Tem couve na sua gengiva!
4)
A - Olha, um casamento entre militares gays no Canadá!
B - Que se fodam!
5)
A - Olha, mais um filme de kung Fu!
B - Meu cabelo tá feio?
6)
A - Olha, mais um político fazendo análises cronológicas do partido!
B - Cê viu minha escova?
7)
A - Olha, conservadores falando sobre moral e relativismo!
B - Aceita uma garapa?
8)
A - Olha, a Marta na TV!
B - Por favor, diga que meu cabelo não está feio!

Viram as inúmeras possibilidades que a Rita nos ofereceu com esses dois momentos? É só escolher uma...ou criar muitas outras.

A fita do vestido da Rita no momento A e no B tem cores diferentes, eu sei - falha de continuidade. O cenário também é praticamente outro; mas quem se importa, não é mesmo?

Súplicas


No Zero Hora de 12 de Junho, Olavo de Carvalho, o Olavo Bilac da filosofia brasileira, faz a distinção entre o embate esquerda e direita do Brasil e dos Estados Unidos, ressaltando o que todos os que conhecem seus textos já estão carecas de saber: aqui no Brasil existe a predominância do pensamento de esquerda, em todos os domínios, conquistada na base da muita agressividade e da falsificação. Segue com um puxão de orelha na direita tupinambá, pois esta só se fixa no debate quando os assuntos giram em torno de questões econômicas - a defesa do capitalismo - deixando de fora outras questões, tais como: morais, culturais, filosóficas e religiosas. E fecha o texto com uma espécie de clamor para que a direita perca a inibição diante das outras questões que não as do pocket.

Ai meu santíssimo tridente. Quando se restringe à economia o debate esquerda/direita- volver já é um porre sem tamanho, imagina como não será quando finalmente abranger questões morais, filosóficas e religiosas - o que de certa forma já acontece.
Eu imploro! Alguém convença o Olavo de Carvalho a desistir desse tipo de incitação, antes que seja tarde. Antes que os gravadores e amplificadores comecem a agir como impulsores da moral e da filosofia. E isso é uma injustiça para com os desprovidos de elasticidade sacal.
Por favor, atendam meu pedido. Este clamor não é velado, não está nas entrelinhas. É aberto e desesperado - vou correr pelado por aí, como forma de protesto.

Diálogos pertinentes

Winamp, winamp meu, pra quê Janis Joplin se eu posso ouvir Blind Willie McTell cantando "Tain't Long Fo' Day"?

O Beijo

O beijo é um gesto platônico. Uma boca saudável é como uma água saudável; tem que ser insípida, inodora e incolor, para ficarmos apenas na saliva.
Um beijo não é doce por causa de uma sensação real de doçura, mas sim porque quando beijamos, encerramos um sentimento ou uma sensação ideal no gesto. E o doce, por ser agradável, é o escolhido para essa hora. Talvez, em uma vida passada, as pessoas tinham bocas doces, e a ânsia pelo beijo é uma forma de reavivar a memória desse passado sublime. É como um bico-de-princesa, que nós sugamos não para obter uma sensação imediata, mas apenas uma vaga idéia - o doce.

By the way, "beijo doce" é uma expressão muito vulgar.

Tira a trave primeiro.

Lendo meu texto anterior:

"É rápido e brusco como um mar revolto... é a violenta dinâmica da vida".

Ai de mim, que não me enxergo. Isso depois de ter chamado de pomposa a frase do Napoleão.
Eu poderia me abster do comentário, ou ter apagado a frase, mas não tive alternativa;
passar pelo vexame é imprescindível para que eu aprenda.

Sunday, June 12, 2005

Disse que disse

Estava procurando o Napoleão, livrinho de cem páginas da coleção clássicos econômicos (insira um saquinho de risadas aqui). O nome da coleção é esse por causa do preço de cada exemplar (2 reais).
Daí entonses, não é que eu encontrei todos os outros livrinhos econômicos, menos o que eu queria? Estou *arretado* com isso. Tenho o famoso Conto de Natal do Dickens, Aforismos de Oscar Wilde, Comedor de Ópio, de Baudelaire e O Chamado da Floresta, de Jack London. Comprei todos numa época de grana curta (digo, curtíssima...curta ainda é) quando não conseguia conter meus impulsos livrescos "apesar dos farrapos", como diria uma amiga.
Mas eu queria achar o Napoleão para reler o que ele disse sobre suicídio. Só consigo lembrar que ele condenava o suicídio com uma frase pomposa do tipo: "Nenhum homem tem o direito de tirar a própria vida...". Mas me esqueci dos argumentos; e eu quero argumentos, ora pois.

Calma ainda, não estou pensando em me matar. A vida até que está encantadora, vai; mas é que algo me fez pensar no tema "suicídio", e eu fiquei tentando me lembrar do que Napoleão disse. Não gosto quando a minha memória falha.
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Acho esquisito quando alguém desmerece o pensamento de um filósofo, alegando que este teve uma vida perturbada; ou que acabou se matando. Que alegação mais sem sentido!
Claro que um caminho que finda no suicídio não parece lá muito seguro, e todo o mundo sabe que o pensamento é traiçoeiro, tem armadilhas; mas daí a evitar um filósofo só por causa disso é besteira. Eu não preciso comprar as idéias que leio, nem absorvê-las em definitivo, porque só terei noção da validade delas quando se der o inevitável confronto com a experiência. Basear uma vida no pensamento ou nos conceitos é um erro, e se por um acaso o filósofo cometeu esse erro, por que eu o cometeria novamente?
Atribuir à filosofia a causa do suicídio não muda nada. O suicídio pode vir de um lapso ou decepção; e qualquer pessoa, por mais forte e mentalmente íntegra que esteja, pode passar por esse lapso, que é de uma rapidez leporina. É rápido e brusco como um mar revolto... é a violenta dinâmica da vida.

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Peter Bogdanovich é o diretor de The Last Picture Show (A Última Sessão de Cinema), um dos meus filmes favoritos.
Às vezes eu entro em um site ou blog que me interessa, mas acabo não voltando mais, simplesmente por ter perdido o endereço.
Faz alguns meses entrei em um blog e o garoto fazia uma espécie de enquete, pedindo para que os leitores lembrassem de diretores de um filme só, ou seja, que fizeram apenas um filme bem sucedido e depois pararam com o cinema, ou caíram no ostracismo. Ele mencionou Michael Curtz com Casablanca; e eu lembrei de William Friedkin com O Exorcista, que depois fez um ótimo filme de tribunal, mas foi fraco nas bilheterias. Acho que mencionei também Afonso Arau e Como Água para Chocolate.
Agora eu lembro que a carreira de Peter Bogdanovich foi um contínuo fracasso depois de The Last Picture Show, e queria voltar no blog do garoto e avisar, mas perdi o endereço. Malz!
Quero muito rever esse filme. Muito, muito, muito, muito! É com Ellen Burstyn (O Exorcista), Ben Johnson, e Cybill Shepherd.

Saturday, June 11, 2005

This Happy Madness

A canção Estrada Branca, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, foi uma espécie de hino da minha adolescência - época em que fui extremamente romântico e gostava de curtir uma dor de amor das boas. Hoje, já chegando nos 25, não tenho mais tempo nem cabeça pra isso.
Mas eu quero falar da música e de como as duas versões, que vou postar abaixo, são distintas uma da outra. A canção original fala de uma dor profunda e de solidão; rimando caminho com sozinho, noite alta com falta, e finalizando com um retumbante: "...vou caminhando com vontade de morrer." A versão em inglês (americana), por outro lado, está longe de tentar traduzir o sentido da Estrada Branca de que fala a música, seguindo um caminho completamente oposto ao da canção original; e está mais para uma rasgada declaração de amor que para um lamento.

Embora as duas versões tenham a participação de Tom e Vinícius, a versão em inglês de certa forma atende a um outro tipo de público, não muito chegado as lamúrias da mpb. Então, a minha teoria é a de que os americanos gostam de imprimir uma esperança nas coisas. É o velho hábito de pensar alto e encarar o lado positivo de tudo, custe o que custar. No caso dessa música o resultado foi bom, mas em outras ocasiões fico com a pulga atrás da orelha. Ex: ontém estava eu na rede (a de navegar, não a de deitar), entrando em blogs aleatoriamente, como gosto de fazer, quando me deparo com um blog do Texas, cujo texto mais recente era sobre a morte de um amigo do blogueiro em questão. O motivo da morte foi a queda do avião que o rapaz pilotava - ao que tudo indica voar era a maior paixão da vida dele. Pois bem, o cara escreve um texto falando da paixão do amigo, da forma como ele abraçava os sonhos e os objetivos, da importância de vivermos cada momento como se fosse o último; com conselhos de vida, mensagens positivas e todas aquelas coisas que a gente vê nos filmes; mas deixou de fora um ponto crucial: a dor. Minha nossa, se um dos meus amigos morre eu ficaria tão arrasado que não teria condições nem de escrever no blog, que o dirá se fosse para falar da paixão, que nesse caso vitimou o amigo; e se o fizesse seria pra tentar exorcizar a minha tristeza...ou, no lugar dele, culpar a paixão por pilotar, xingar o avião, sei lá. E estaria inconsolável demais para pensar em conselhos e sonhos de vida. E não adianta falar que a dor do cara já tinha sido estancada porque o post foi escrito um dia após o desastre.

Mas voltando ao tema inicial: A começar pela letra, a versão americana já destoa completamente de Estrada Branca: This Happy Madness (Essa Feliz Loucura). É engraçado ouvir duas músicas com a mesma melodia mas com letras praticamente antagônicas (o piano da versão Happy Madness é de arrepiar). Sei que é meio ridículo ficar fazendo análise poética de canção, então comparem vocês mesmos e vejam a diferença entre as duas letras.

ESTRADA BRANCA
(Tom Jobim/ Vinícius de Moraes)

Estrada branca, lua branca, noite alta, tua falta
Caminhando, caminhando, caminhando ao lado meu
Uma saudade, uma vontade tao doída, de uma vida, vida que morreu
Estrada passarada, noite clara, meu caminho é
tão sozinho, tao sozinho a percorrer
Que mesmo andando para a frente, olhando a lua tristemente
Quanto mais ando, mais estou perto de você
Se em vez de noite fosse dia, se o sol brilhasse e a poesia
Se em vez de triste fosse alegre de partir
Se em vez de eu ver só minha sombra nessa estrada
Eu visse ao longo dessa estrada, uma outra sombra a me seguir
Mas a verdade é que a cidade ficou longe, ficou longe
Na cidade, se deixou meu bem-querer
E eu vou sozinho sem carinho, vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer.

THIS HAPPY MADNESS
(versão de Estrada Branca)
Tom Jobim/ Vinícius de Moraes/ Gene Lees


What should I call this happy madness that I feel inside of me?
Somekind of wild October gladness that I never thought I'd see
Whatever happened to my sadness, all my endless lonely sighs
Where are my sorrows now?
What happened to the frown and is that self contented clown
Standing there grining in the mirror really me?
I'd like to run through Central Park
Carve your initials in the bark of every tree I pass for everyone to see
I feel that I've gone back to childhood and I'm skipping through the wild wood,
So excited that I don't know what to do
What do I care if I'm a juvenile?
I smile my secret smile because I know the change in me is you
What should I call this happy madness all this unexpected joy
That turned the world into a baby's bouncing toy?
The gods are laughing far above
One of them gave a little shove and I fell gaily, gladly madly into love

Friday, June 10, 2005

Under the Volcano

Não sei se me gabo pelo meu poder imaginativo ou se acho natural a minha capacidade de ter imaginado a rua Calle Nicaragua tal como ela existe de verdade. Como a imaginação pode ser bem melhor que a realidade, acho que eu deveria era me envergonhar por tê-la de modo tão tacanho. Mas taí a rua, como se tivesse sido estraída da minha mente:


Non si puede vivir sin amar

E tem mais de onde veio essa.
E tá aqui o link para o site, que tem bastante coisa interessante: sumário dos capítulos, biografia de Lowry, links, críticas, etc...

Memórias III (com fundo moral)

Quando eu tinha onze anos, no longínquo verão de 91, ganhei um pintinho. Meus primos também ganharam. Eram pintinhos coloridos, então cada qual ganhou um de cor diferente—o meu era amarelinho.
Como vivíamos em um casarão com um vasto quintal, não parávamos quietos: era corre-corre, pega-pega, cuz cuz e mais uma porção de brincadeiras que exigiam sebo nas canelas.
Não preciso dizer que muitos desses pobres pintinhos foram pisoteados por nossos pezinhos ágeis e inconseqüentes. E cada vez que um pintinhos era massacrado, havia uma comoção geral, com tristeza maior para o respectivo dono—que ainda conseguia distinguir a cor de seu pintinho, confundida com sangue nas peninhas retorcidas.
Eu vivia com medo de que meu pintinho fosse o próximo a ser pisoteado, e na medida do possível evitava correr pelo quintal. Mas eu não podia controlar os outros, e um belo dia, chega a minha vez; ou melhor: a vez do meu pintinho. Estava lá o bichinho, ainda vivo, com o papinho pro ar e um pouco das tripinhas recém espragatadas para fora. Segurei ele por alguns instantes, com o coração doido, mas na esperança de que poderia haver salvação para a vida daquele bichinho; e nisso tive a apressada idéia de juntá-lo aos demais sobreviventes-- no total de nove, restaram quatro -- que a essa altura já estavam devidamente protegidos por uma cerquinha de arame (medida tardia).
Como eu estava sozinho no quintal, ninguém me alertou para os perigos do meu procedimento. Eu estava ali, naquele momento, sendo movido por um sentimentalismo extremado, pois estava crente de que a companhia dos outros pintinhos faria com que meu bichinho recobrasse a plena saúde; cheguei até a refletir sobre a relação entre tristeza, doença e solidão.
Mas qual não foi meu espanto e horror quando depositei o pintinho no viveiro. Presenciei, estarrecido, uma cena indelével: os outros quatro avançaram na tripinha exposta do meu pintinho, e bicando ela com tanta fúria, que extraíram o restante de tripa que ainda estava no corpinho dele—enfim, foi um banquete sinistro, que me deixou paralisado, sem a menor ação.
E foi naquela tarde que tive a revelação e o ensinamento que carrego até hoje comigo:
A vida em grupo é um perigo, e a sociedade é o resultado da soma dos variados grupos de pessoas com interesses em comum. Para se viver em sociedade, é preciso aniquilar qualquer resquício de sentimentalismo e fraqueza; e o mais importante: caso esteja ferido, esconda sua ferida até o fim, não a demonstre por um instante sequer; pois revelar o mínimo de uma ferida é o mesmo que pedir para que os outros exponham ela por inteiro, com crueza e voracidade. Ao menor sinal de uma fraqueza, pisam com gosto, para descobrir as demais, até reduzi-lo a uma espécie de mínimo denominador—material para estudo e lições para os demais. A diferença entre aqueles pintinhos e o resto da humanidade, é que os bichos eram dóceis somente na aparência física, enquanto os homens estendem a docilidade por palavras e princípios. Mas a crueldade é equivalente.

Passado o choque, tirei do viveiro o corpo morto do meu bichinho, caminhei pelas ruas com ele nas mãos (acho que meu rosto estava sereno nessa hora), me dirigi até a ponte, e joguei o meu pintinho no rio.

Coração alado

Nos anos 60 a rede globo estava tendo sérios problemas com a baixa audiência de uma novela, que tinha a Leila Diniz como protagonista. Os índices no ibope eram tão baixos, que a coordenação da emissora resolveu afastar o autor original e em seu lugar contrataram a Janete Clair. A primeira providencia da nova autora foi meter um terremoto na trama e matar quase todos os personagens da novela, sobrando apenas os protagonistas A medida não garantiu audiência, mas o fato entrou para a história.

Hoje, basta eu assistir por quatro minutos uma novela para me lembrar dessa história, e começar a desejar que um terremoto, um furacão, uma tromba d’água, um tsunami, uma bola de fogo cósmica apareça na trama e mate, não a maior parte, mas todos os personagens.

Tuesday, June 07, 2005

O eterno retorno


Os velhos mitos e as pequenas verdades não desaparecem nunca, não é mesmo? E o triste é que eles não existem por si só; não são partes fundamentais da realidade, e nem essenciais pra coisa alguma Trocando em miúdos: os velhos mitos e as pequenas verdades estão ligados à realidade como que por uma solda da cultura. Essa ligação forçada, artificial, vai se repetindo, ao longo das gerações, como se fosse um texto de teatro, que em determinada data deve ser representado—em nome da tradição.

O estigma do “bode expiatório” é um exemplo clássico e cheio de vida.
As cabeças pensantes, quando querem dar um sentido para a História, armam um lindo esquemão de encadeamento de fatores; e vão buscar, não no pensamento, mas em um único pensador, a matéria-prima, a primeira fagulha para armar o esquema escamoso.
E fica assim, tudo muito bonitinho e jeitoso. E o melhor de tudo: você tem a quem culpar (uma cabeça) pelas mazelas de um pedação do processo histórico. Simples, prático e eficiente; isso não é demais?. E a revolta, inevitável para quem quer que analise a Historia, fica assim muito bem direcionada.
É engraçado, por exemplo, pegar Nietzsche, aquela coisinha maguinha e frágil (parece uma rã), e culpá-lo por portentosos estragos no Ocidente. Então, eu tenho o pensamento, o pensador-o bode, e uma série de fatores concretos e históricos para fazer ligações e “click!”, entender toda a realidade que me cerca—ô sabor! É como um daqueles joguinho de montar, que nossas titias davam de presente e diziam: “É um brinquedinho que estimula a inteligência, fio!”
E o passado? Digo, a época anterior ao nascimento do bode-expiatório-cabeção, é pintado como um paraíso fenomenal, pois sim—a verdadeira festa das luzes, onde todos eram felizes e saltitantes. Até, é claro, a chegada daquela maldita cabeça na aldeia.
Porque, vocês não sabem? O livre pensamento não existia naquele passado remoto, e não existia uma pessoa sequer contaminada com essa praga. É tudo culpa da cabeça...e dos malditos livros que ela escreveu.

Métodos para parar de fumar.

Substitua a marca. Troque o seu velho Marlboro por um cigarro bem vagabundo. Ex: um tal de Euro --ô cigarrinho, viu! Esse é (literalmente) intragável.
Feita a troca, e você vai pouco a pouco e gradativamente abandonando o vício. O fumo deixa de ser um prazer.

A comediante

Muito se diz a respeito de Marilyn Monroe, mas sempre que falam do sexy simbol, ou do ícone Marilyn, ou da imortal estrela de cinema, eu sinto que deixam de fora algo de relevante -- Marilyn era muito engraçada.
Poxa! Eu rolo de rir com a Marilyn naquelas comédias anos cinquenta. O jeito meio malicioso, meio ingênuo... as caras e bocas; ou melhor: boquinhas e biquinhos; os trejeitos pequeninos e petulantes, que simplesmente dominavam as cenas. Tudo na Marilyn era comédia pura.
Quem viu Os Homens Preferem as Loiras talvez lembre de uma cena (dentre muitas) engraçada, e que eu considero inesquecível:
A personagem de Marilyn está sendo acusada de roubar uma tiara muito valiosa. Quando ela é finalmente encurralada pela acusadora, a "morena" da história, contando com a inocência da amiga, tenta defendê-la:
-- Vamos querida, diga para ela que você não roubou a tiara!

Não precisou de nenhuma réplica, bastou olhar para a carinha culpada e o jeitinho amedrontado e envergonhado para a morena saber da verdade: Sim, ela havia roubado a tiara.
-- Oh não!
E a acusadora, enquanto se retira, diz:
-- Vocês vão ver que eu não sou nenhuma palhaça!
-- Espere! --diz a morena, detendo a velha, que fica parada na porta-- Então porque usa o chapéu?-- e o chapéu da mulher era ridículo! Enquanto isso a Marilyn, quase que sem usar o texto, demonstra ser uma verdadeira comediante, ganhando a cena com suas caras e bocas.
No mesmo filme, a personagem de Merilyn dá o arranca rabo decisivo em seu futuro sogro. E eu, tal como o velho da história, fico sem entender patavina do que ela diz, simplesmente por estar concentrado demais no jeitinho petulante e nos olhinhos semi-serrados e afoitos da Marilyn.
Gosto muito de Os Homens preferem as Loiras, e também do Como agarrar um milionário, que é onde a Marilyn faz uma quase ceguinha desajeitada, que não vive sem os óculos.

HAHAhahahahahahahah...Ai, ai! My Mistake! Essa é a morena da história...Vira a página aí!
Agora sim. Taí ela...copiada à exaustão.
Não me lembro direito, mas acho que essa é a cena em que elas cantam: "When love goes wrong, nothing goes rightt"
A Marilyn era mó comédia.

Friday, June 03, 2005

Literatura brasileira


A coisa- não- deus
é o primeiro romance de Alexandre Soares Silva, que também escreve neste afamado blog .
Na verdade, o que me levou a adquirir o livro do Alexandre não foi o blog (que creio ainda não existir por essa época), mas sim a leitura que fiz de suas colunas no site Digestivo Cultural. Fiquei curioso em saber como alguém que escrevia tão abertamente sobre literatura, na Internet, se sairia escrevendo um romance.

O livro, narrado em primeira pessoa- o biógrafo do personagem central- conta a história de Júlio Dapunt, um garoto paulistano que está predestinado a ter, após a morte, um...aham destino completamente diferente dos demais. É que para todas as pessoas que vivem (ou já viveram)- e descontando o fato de que para algumas seja possível reencarnar- existirá a eternidade no além, com inferno e paraíso, enquanto que para Júlio está reservado um “desfecho” ateu- o nada. Mas este detalhe não reflete um possível capricho cruel de uma divindade, que aliás nem mesmo os anjos sabem se realmente existe- Ah! Mas deixemos de lado essa questão metafísica.
O problema é acidental, e Júlio, por ser vítima de um...digamos, acaso cósmico, acaba se tornando o centro de um verdadeiro abalo nas esferas celestiais, fazendo com que os anjos, após muitas ponderações, decidam oferecer-lhe em vida, como forma de recompensa, todos os deleites que ele jamais terá após a morte- pois que irá desaparecer no vácuo. Dentre essas regalias do além, pode-se destacar: belas mulheres, atrizes de cinema, contato com artistas e poetas já falecido, êxtase com substâncias especiais, festas e jantares, desfiles apoteóticos, competições esportivas, etc. Aqui vale lembrar que o paraíso do romance é um lugar físico, sendo que “lá” as sensações são mais vivas que no plano terrestre- este detalhe me fez lembrar dos conceitos do místico Emanuel Swedenborg sobre céu e inferno- onde as pessoas, após a morte, continuam com a personalidade que tinham em vida; personalidade esta que será decisiva para a distribuição das “almas corpóreas” em suas respectivas moradas eternas; ou seja, esqueça aqui os usuais conceitos de pecado e redenção. Aliás, os tais prazeres celestiais, listados acima, são pra lá de mundanos...convenhamos. O único pecado no paraíso de A coisa-não-deus é o mau gosto (ou mau gosto e rudeza); e é neste detalhe do livro que se percebe a característica principal do “internauticamente” conhecido estilo de Alexandre. Ter desenvolvido ao máximo a própria personalidade (Oscar Wilde), eis aqui o requisito básico para adentrar no paraíso de A coisa-não-deus- Quaresmeiras Roxas. Mas Júlio, por seu lado, não tem o que poderíamos chamar de uma personalidade desenvolvida. Tímido e introspectivo, se revela incapaz de aproveitar os prazeres que os céus lhe oferecem de mãos beijadas- aqui eu me lembro da fábula da raposa e da cegonha- tudo que Julio poderia desejar está, teoricamente, ao seu alcance; porém nada pode ser feito dos obstáculos de suas muitas limitações mundanas: timidez, introspecção, ausência de charme. Julio tem até mesmo problemas para se comunicar, por causa de sua péssima dicção
No início do romance, o biógrafo de Julio deixa claro que não se importa com certos problemas ditos modernos, como a incomunicabilidade entre as pessoas (Kieslowski) , e é aqui que está um dos pontos (oh! tensões) dramáticas do livro. A pessoa escolhida para servir de elo entre Júlio e o paraíso –o biografo da história- não está muito interessada nas limitações e problemas de Júlio; e ainda que estivesse, tudo indica que nada poderia ser feito a respeito. A atenção do livro fica assim apoiada e dividida no contraponto entre o drama particular de Júlio (drama mais para os outros que para ele próprio) e as excentricidades do paraíso, das quais o biógrafo participa. No espaço narrativo também há dualidade: a oscilação entre trechos que se passam na terra (em São Paulo), descritos com aspereza, e trechos no paraíso, o lugar ideal para se viver uma “vida eterna refinada”, e por onde desfilam tipos e referências da cultura, que vão desde o erudito até o universo pop- e do pop até o popizinho.

O problema do romance (não estou dizendo que o livro é ruim) é que os pontos de vista do escritor (biógrafo) não saem de cena por um segundo sequer; até aí tudo bem, pois estamos falando de um escritor-personagem com um estilo bem característico e pessoal ; mas a questão é: por essa mesma presença constante do autor (lê-se: a mente do biógrafo), o leitor é praticamente lançado em uma encruzilhada emocional, e obrigado a se decidir se sente pena do Júlio (e se revolta contra os céus e seus charmosos habitantes), ou se pouco se importa com a sua incomum situação - e essa escolha emocional acaba sendo decisiva para inserir o leitor em uma das duas “facções” nascidas do “racha” no paraíso, que dividiu os personagens entre os que se apiedam de Júlio e os que sacodem os ombros para a questão; sendo que a predileção do autor fica nitidamente voltada para esses últimos. E, por essa mesma escolha emocional, o leitor também fica ciente de qual seria sua própria (fictícia) morada eterna; ou seja, se é ou não é merecedor do paraíso de A coisa-não-deus. O ponto problemático não é a posição do autor diante da questão central (que talvez também seja a mesma que a minha), mas sim a insistência em demonstrar essa posição- às vezes cansa. E todo o esplendor do paraíso acaba se projetando e dependendo do Julio para poder reluzir, quando o ideal talvez fosse o contrário: as maravilhas do paraíso reforçarem o extremo oposto- a miséria do Julio –deixando assim o leitor livre da estranha sensação de estar sendo emocionalmente manipulado pelo autor.
Em dado momento, uma questão é lançada no livro: a renúncia ao mundo, feita por Júlio, é ou não é uma atitude covarde? Não sei, creio que não. A apatia do personagem só demonstra que suas intenções e desejos se desenvolvem apenas em sua mente (ele se considerava um gênio e queria ter uma banda de rock).. E, se não há o real desejo, também não há razão para lutar; o que faz dessa renúncia algo sem importância. Talvez, no fundo, o Júlio ache tudo aquilo um saco –é uma hipótese.
Mas o romance está acima da média da literatura brasileira atual e da literatura juvenil em geral, destacando-se tanto pelo tema incomum, quanto pela linguagem leve e acessível. Tendo ainda momentos bem bonitos (a primeira visita ao paraíso, a morte de Júlio) e de humor (os rumores e relatos a respeito de Júlio, feitos por figuras conhecidas: Louise Brooks, Sá Carneiro, Evelyn Waugh, etc...ou Churchill levando uma vida de escritor policial no paraiso) fazem com que valha a pena ler.
Aliás, creio que essa minha análise ficou um tanto cerebral; e agora me ocorre outro contraponto do livro: a sisudez estudada versus o divertimento sem compromisso. A arte, para a maioria dos personagens deste romance, é como um parque de diversões, ou um ônibus roxo com histórias em quadrinhos dentro; e por alguma obra do acaso (ou maquinações literárias), os personagens que se revoltam com o destino de Júlio são os mesmos que buscam seriedade e sentido para tudo, e não despertam lá muita simpatia no autor. Nesse sentido, A coisa-não-deus está mais próximo de uma história em quadrinhos ou de um conto fantástico do que de um livro sobre pequenas e grandes tragédias humanas, batalhas do espírito e todas aquelas coisas já bem exploradas no passado.

Alexandre Soares Silva/ A coisa-não-deus
São Paulo: Beca, 2000

Thursday, June 02, 2005

Everybody Knows

And everybody knows that you're in trouble
Everybody knows what you've been through
From the bloody cross on top of Calvary
To the beach of Malibu...

Leonard Cohen

Vou-me embora pra Tangamandápio

Vou me embora pra Tangamandápio
Lá evito a fadiga
Lá tenho a vizinhança que quero
No pátio que escolherei

Jaiminho, o carteiro

My Definition

Mula-sem-cabeça é alguém que é capaz de enxergar elementos nocivos -tanto no aspécto cultural quanto no estético - em coisinhas singelas e banais, como o floclore.

Wednesday, June 01, 2005

Louco eu?

Às vezes sou acometido por ataques de surto seguidos de algum comportamento fora do comum, e isso já é natural. Mas tem horas que chego a me espantar.
Dia desses estava eu subindo uma rua qualquer do centro, quando vejo um garoto passando por mim e seguindo na mesma direção. De relance pude perceber que o rapaz era tímido- daquela espécie de timidez que deixa uma certa melancolia nos olhos. Ele estava com uma dessas camisas de banda de rock, com letra de música estampada nas costas- a que ele usava era uma dos Beattles, com a letra de Lucy in the Sky with Diamonds.
Pois bem, numa dessas eu, sem nada melhor pra fazer durante a solitária caminhada, resolvo cantarolar a dita cuja enquanto estalo os dedos. Como ele estava na minha frente, acompanhei a letra da música lendo a camisa.
O pobrezinho, não sabendo direito como agir (timidez é isso), resolve apertar os passos na tentativa de se desvencilhar de mim. E eu, que não sou bobo nem nada, também acelerei e continuei cantando e estalando os dedos.
A esdrúxula perseguição durou uns cinco minutos, só tendo fim no momento em que o garoto atravessa a rua e praticamente corre para se esconder de mim.