Tuesday, July 25, 2006

E o povo constrói ídolos, e faz estátuas...e Deus não gosta

Estava eu, muito tranqüilamente, a folhear livros dentro de um desses sebos da vida, quando um corvo se revelou no topo da estante - tinha a aparência de um demônio cheio de pó. Ele não disse "nunca mais", foi breve e, além do quê, devia ter coisas mais importantes para fazer. E era um corvo tão severo que nem quis saber de muita prosopopéia. Fato é que a nossa comunicação se deu por uma transmissão de pensamentos. E foi assim que ele lançou a questão:
"Pensa rápido! Pensa rápido! Cite três autores brasileiros superestimados pelo público e crítica. Pense naqueles que merecem uma boa dose de esquecimento e poeira..."

Não deixei o corvo concluir. Devolvi a resposta instantâneamente:

- Clarice Lispector;
- Mário de Andrade;
- Luís Fernando Veríssimo


Nos pertences de uma famosa escritora dessas terras foi encontrada uma carta, posteriormente desamassada, redigida com irregulares letras de forma...mas com tinta vigorosa.

"Querida Clarice, preciso muitu lhi dizer uma coisa e vô falar com as profundezas do córação...não sou escritora, tão pouco sei escrever direito, mas o dever moral me chama. Aceite este consselhu di amiga, di mulher do povo e trabalhadeira..achu que você vai me entender, você fala muito de coisas de mulher. Eu não te cunheço, você não me cunhece, mas pensa na franqueza e no alerta de alguém qui não pode se calar dianti da verdade olcuta das coisa.

Clarice Lispequitor, por amor a Deus Pai, aceite Jesus no coração!! Porque só ele e mais ninguém vai livrar você desses fuxicos de consciença e vai expulsar as epifainhas."

ASS: Terezinha da Conceição

Rio de Janeiro, março de 1970