Monday, December 17, 2007

Vozes veladas

- A pergunta é: você pensa com a sua voz?
- Hum?
- Digo, quando seu cérebro busca palavras para formular uma idéia...com que voz você ouve essas palavras?
- ...
- É com a sua voz ou com, por exemplo...a voz do Cid Moreira? Eu ouço a voz do meu pensamento, mas até hoje não sei se é a minha!
- ...
- Você já pensou nisso?

Friday, December 07, 2007

Mapa astral

Estou com medo de 2008.

Sunday, November 25, 2007

Engajamento

Eis o que ocorre quando certo povo se resolve engajado:

"Não há alca"

Pixado no vidro de um ônibus - devem ter usado garras animalescas para arranhar o vidro.

Outra vez, esperando o ônibus no ponto, estava lá o protesto contra a visita do Bush:

"Fora bus"

Problemática

O horror da morte reside no fato de que o corpo fica. Fôssemos desmaterializados no dado momento da hora fatídica e tudo estaria resolvido. O horror seria um prazer de curiosidade.
Deixar o corpo por aí é algo preoculpante. Não é à toa que alguns preferem virar cinzas - é o desejo de desaparecer atingindo quase que a concretização.
O sumiço deixa no ar algo de intrigante e (por que não?) mágico. Tudo é possível e, além do mais, a idéia de desaparecer é algo que desafia a natureza; ou pelo menos faz pensar em um corte abrupto na dinâmica das coisas.
A morte, tal como ela é, decididamente não desafia a natureza em nada. Antes é uma parte repetitiva e tediosa dela.

Sunday, October 07, 2007

Aviso aos navegantes

A vigilância sanitária passou por este blog e após vistoria recomendou firmemente que eu optasse pelo sistema de comentários pré-selecionados. Funciona assim: você comenta, eu leio e, se o grau de sandice estiver dentro da cota permitida para este recinto, eu publico.
A medida precisou ser adotada devido ao excesso de dejetos despejados nas caixas de comentários por uma criatura que, ao que tudo indica, tem uma almôndega no lugar da massa encefálica. No começo estava até engraçado e quem quiser, e tiver estômago, pode vasculhar os comentários dos posts antigos e verificar que ainda tem muita titica que eu não tive saco nem tempo de apagar. Mas o fato é que a coisa encheu - a doente começou a abusar de termos chulos que ultrapassaram a linha.
A persona em questão deve ter alguma síndrome ou disturbio que talvez um psiquiatra possa definir melhor. Acha que meu nome é Vinícius Viana, que sou co-autor de novelas da globo (pff), e diz que sabe tudo ao meu respeito. Deixa a impressão de que está querendo esfregar alguma coisa na cara desse tal Vinícius (que nunca vi mais gordo), carrega uma tonelada de rancores do passado e,como se não bastasse, escreve mal à beça.

Querida Concy Estragada, você parece que não sei...Vê se me erra! Desembaça! Chispa! Vai ver se eu estou na esquina. Vai ver se eu estou vendendo Tang no semáforo.

E pra não perder o costume, tem um lugar muito especial para o qual eu quero que você vá...
http://dosimulacro.blogspot.com/2005/05/pela-primeira-vez-com-exclusividade_08.html

Monday, September 03, 2007

DUAS XIMBRAS ou UMA CARTA EXTRAVIADA PARA VOCÊ

Recebi, por esses dias, uma espécie de "presente inusitado". Falemos dele como um brinde, pois a ocasião não era para presentes. O fato é que deram-me duas ximbras. Sim, duas ximbras, e para aqueles que não estão familiarizados com o termo, podem pensar em duas bolinhas de gude, pois é precisamente assim que os paulistas se referem às ximbras.

Pensei logo nos seus olhos; não pela obviedade do fato de as ximbras serem azuis (e elas são realmente azuis), mas sim, e quase exclusivamente porque penso quase que constantemente nos seus olhos.
Meti as duas ximbras em um mesmo bolso e, enquanto voltava para casa, à medida em que caminhava, ouvia o tec tec que elas faziam, chocando-se uma na outra. Pensei firmemente nos seus olhos.
Veja, as ximbras remetem a um tempo de criança, quando o fascínio pelas miúdas bolinhas se dava de duas maneiras: pela brincadeira em si, e também pelo brilho mágico de quando a luz transpassava pelas ximbras, não importando de que cor elas fossem... Mas essas que recebi, e que ainda tenho, são azuis, como os seus olhos.

Sei que tudo isso é bobagem, porém tenho para minha defesa uma atitude que tomei de impulso. De um momento para outro decidi não mais pensar nos seus olhos, e o primeiro passo seria me esquecer das ximbras.
Foi então que as apartei. Um bolso para cada ximbra, e elas assim isoladas não mais fariam tec tec.
Mas essa medida se mostrou sem efeito porque eu inconscientemente metia minhas mãos nos bolsos para me certificar de que as ximbras ainda estariam lá.
Era inevitável: já estava apegado às ximbras, e o apego por elas era uma minúscula parcela do imenso apego que tenho aos seus olhos. E se eu não fosse capaz de me esquecer das ximbras, tampouco...
Comecei um plano urgente para me esquecer dos seus olhos, mas sabia que o resultado não viria sem demora. Precisava me esquecer pouco a pouco das ximbras, então resolvi deixá-las na janela do meu quarto, onde todo objeto é passível de sumiço.
Via as ximbras duas vezes por dia: quando despertava e quando me deitava. Pensava sempre em um acidente, um descuido cheio de cuidados para que elas sumissem.
Derrubei propositalmente uma delas no chão, mas logo me abaixei para apanhá-la. Sorri por alguns instantes ao pensar que já havia desaparecido dalí um lápis, três canetas, um frasco de condicionador e um livro de bolso, mas as ximbras ainda estavam lá, e lá permanecem.
A verdade é que não pensei em desistir de me esquecer das ximbras; o esquecimento se deu naturalmente e, quando por vezes me vejo pensando nelas, já não é mais a semelhança dos seus olhos que me vem à mente, mas sim a inútil atitude de tentar esquecê-los.

Monday, July 23, 2007

Que crise aérea que nada.

A crise do transporte também é terrestre, e é só por isso que a menciono- chegar no horário é sempre uma questão de se antecipar. Sobre esses fatos que correm na imprensa...bem, percebo que de uns tempos pra cá tudo é crise. A crise do apagão, a crise no Oriente Médio, a crise econômica...

Vou fazer um trato com a minha consciência cidadã: só votarei em políticos que comprovarem esforços monumentais pela implantação do teletransporte no Brasil. Bilhões investidos em pesquisas científicas que permitirão ao homem comum a simples e prática ação de ter o corpo desmaterializado em um dado ponto geográfio para que conseqüentemente se reintegre em outro dado ponto. Vejam que até nos acidentes o teletransporte apresenta vantagens. Enquanto um avião, ao bater, é capaz de ceifar a vida de centenas, o único acidente possível no teletransporte seria a levemente desagradável sensação de chegar ao destino com um braço saindo pelo nariz, ou com as nádegas no lugar das bochechas. Acontece.

Sunday, June 24, 2007

Diz que Deus dará

Eu sei, o Papa já veio, o Papa já foi...Ele saiu em sua nave reluzente, mandando beijinhos para uma nação insandecida que, sacudindo pompons multicolores, entoava o hino: "cremo, cremo, cremo, cremogema é a coisa mais gostosa desse mundo..."

Todo mundo já sabia que ele viria para exortar a nação a ter fé, e também para discutir os três únicos problemas universais, a saber: a camisinha, o aborto e o sexo antes do casamento.
Mas teve uma coisa que me deixou encafifado: o presente que nosso excelentíssimo presidente da república Fernando Henrique Pão com Ovo ofertou para a ilustre visita.

Meu santíssimo tridente! O que foi aquele retrado-pintado-falado? Que horror!
E que falta de humor do Papa. Eu no lugar dele teria caído na gargalhada.

Superar traumas é:

Depois de anos longe do colégio você abre um livro de química. Em seguida, com entusiasmo, abre um livro de matemática e percebe que aquilo tudo é muito interessante. No fim você fica com a constatação de que a razão do antigo desgosto por essas matérias estava na escola mesmo.