Renego, lápis partido,
Tudo quanto desejei.
E nem sonhei ser servido
Para onde nunca irei.
Pajem metido em farrapos
Da glória que outros tiveram,
Poderei amar os trapos
Por ser tudo que me deram.
E irei, príncipe mendigo,
Colher, com a boa gente,
Entre o ondular do trigo
A papoila inteligente.
Fernando Pessoa
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saudade dada
Em horas inda louras,lindas
Clorindas e berlindas,brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
fitam a fio as frias bandas.
Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna!
E em tom de atoarda todo o alarde
Do adornado ardor transtorna
No ar de topor da tarda tarde.
E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Dos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos...
Prantos de intentos,lentos,tantos
Que encantam os atentos ventos
(fernando pessoa)
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