Recentemente vi (claro que pela tv) o Pelé visitando a Alemanha.
Praticamente roendo as unhas, ele esperou ansioso pela aparição do Papa, que acenou de longe quando finalmente surgiu escoltado pelos seguranças.
Quando a repórter foi fazer uma daquelas perguntas idiotas que repórteres adoram fazer, Pelé veio com algo mais ou menos assim:
- É...ele não passou a mão na minha cabeça, nem chegou muito perto. Mas você viu que, de longe, ele acenou para cá!
Acho que nesse momento, percebendo que tinha forçado a amizade, ele tenta consertar o infeliz comentário:
- Acenou aí para todo o Brasil, né?!
Apenas tentou; melhor seria se tivesse parado no primeiro.
Eu tenho verdadeiro asco por esse tipo de comportamento. É uma das coisas que mais me irritam no brasileiro.
O sentimentalismo boboca e infantil, a necessidade de chamar a atenção, como um cachorrinho dócil e domesticado, essa coisinha de: "ele acenou pra cá! Olha lá!", "ele sabe onde fica o Brasil! IUHHUUU", "Você viu? Ele falou português!", "Ele tocou na bandeira!!"
Eu definiria isso como uma mistura de tietagem e patriotismo barato. No caso do Pelé, ele se prevaleceu desse defeito nacional para corrigir o comentário onde ficou evidente o que ele mais queria: que o Papa afagasse aquele ego sem tamanho que ele tem - infâmia completa.
Ainda assim, tenho certeza de que muita gente embarcou na emoção barata vendo aquela reportagem.
O patriotismo, por si só, já é um sentimento incompreensível para mim. Quando acompanhado de infantilidade, então...
Eu até entenderia o Pelé, caso ele tivesse 17 aninhos; mas em um homem com mais de cinquenta isso é duro de entender.
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1 comment:
Né duro não. Pense só, o cara é jogador de futebol... A sina do Brasil não está nos que vem de baixo e fazem estas coisas. Está nos que estão em cima, e são deprimentes, mal-educados, sem classe. A sina do Brasil é ter uma elite porca e ignorante.
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