Deixei de ir a bares. Por causa das várias brigas e por causa daquilo que chamam de música ambiente.
Minto, as brigas até que me divertiam, e é um milagre que de todas nenhuma terminou em tragédia. Nunca levei a pior (e por incrível que pareça, já que sou franzino). Não, não...teve uma vez que me derrubaram no meio da avenida e eu me estatelei feito uma jaca madura, mas essa não valeu: eram dois contra mim. Na verdade, em todas as confusões o inimigo estava sempre na maioria, em vantagem, mas o confronto físico geralmente era de um para um. Lembro de um gordo que tentou me jogar no chão, segurando pela minha beca. Fiquei com tanto ódio que um simples empurrão e um grito de "qualé que é a sua?" fez ele voar longe e terminar com as banhas esparramadas pelo chão . Tiveram que me segurar para que eu não quebrasse aquela cara balofa. Acho que esse episódio foi o único no qual eu fiquei com ódio feroz. Das outras vezes eu demorava para entender o que se passava ao meu redor - ficava em um daqueles transes em que você se vê diante de uma situação tão absurda, que acaba sendo difícil crer que, de fato, a coisa toda esteja acontecendo. Nesses casos, se eu batia era mais para me defender do que para causar mal.
Os motivos das brigas? Os mais banais possíveis: de um simples esbarrão à uma palavra mal compreendida.
Sou um sujeito pacífico; fujo do banzé como o diabo da cruz, mas eu não sei o que acontecia, parecia coisa combinada. Não passava dois meses sem que eu me metesse em uma treta, e os tipos com os quais eu me engalfinhava eram os das piores espécies. Então, num belo dia, me convenci de que não valia a pena sair à noite, despretenciosamente, e acabar me deparando com essas criaturas que saem com o intuito de arrumar briga. Claro, não posso ocultar um fato: sou um rapaz suburbano, então os bares que eu frequentava não eram esses que se pode chamar de lugares civilizados. E é sabido que as classes menos favorecidas são as mais estouradas - vide as tragédias que aparecem nos notícias populares da vida. Mas ainda que a questão "violência" não seja um problema nos lugares menos ralé, um outro problema ainda persiste: as músicas
É triste se acomodar num ambiente, pedir uma bebida, e ter que ouvir uma música ruim. Não dá, não tem clima e ecletismo que resistam a isso. Você ainda tenta ignorar o lixo musical, mas não tem jeito, ele é a sua trilha sonora daquele momento. Você não pediu, não teve escolha, mas ela está lá, a música hedionda, embalando a ocasião e servindo como pano de fundo para seus pensamentos, suas conversas...
A invasão musical (poluição sonora) deveria ser considerada um crime.
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1 comment:
Tem bar bom e bar ruim. Mas em todos, a monotonia musical e uma constante... Quer dizer, voce ate encontra lugares com MPB, mas e sempre Bossa Nova... Pq nao um jazz de leve? Choros antigos em volume baixo? Musica classica? Rocks classicos? Nada disso e musica? Ah, isso sem contar o volume a mais de mil... Mas para isso tenho explicacao: voce tem que falar bem alto, o que deixa a boca mais seca, e faz voce beber mais.
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