Saturday, September 17, 2005

Colunas

Fico lendo as colunas do Eduardo Carvalho, principalmente aquelas em que ele escreve sobre suas viagens, e só falto babar no meu teclado. O rapaz viajou praticamente toda a Europa e explica muito bem as características de cada local, em textos simples, acessíveis e ótimos de se ler. E olha que nem sou lá muito cosmopolita.
Eu já havia percebido que o Eduardo tem ótimas idéias a respeito de literatura, lendo as colunas sobre livros: dos grandes clássicos aos totais desconhecidos. Aliás, um dos melhores textos dele é exatamente uma análise do que vem a ser clássico.
Mas voltando às viagens: o que é mais interessante nesses "relatos" é que as impressões, sensações e lembranças mais profundas não são reveladas nos textos. Isso porque o autor sabe que certas coisas não podem ser verbalizadas; ainda mais naquelas breves linhas. E se elas não podem ser descritas é porque, ao contrário de ter imaginado tudo, o Eduardo de fato esteve lá e vivenciou todas elas. Muito diferente de jovens que nem sabem o que é Europa (pelo simples fato de que nunca estiveram lá), mas vivem arrotando um pedantismo insuportável para falar de coisas que leram nos livros, ou viram em outras obras de arte - erguidas como estandartes do (oh!) requinte e bom gosto - outros falam mal de certas coisas, como se fossem peritos e, embora tenham de fato viajado, não abandonaram as frivolidades e os cacoetes de um verdadeiro cabaço.
Não adianta, é preciso viver, presenciar, conhecer de verdade, antes de levantar a voz para falar sobre qualquer coisa, e talvez o resumo do que seja pedantismo tenha a ver com o deplorável vício de colocar idéias preestabelecidas diante da vivência.
Dá gosto de ler o Eduardo, e volto a dizer que os textos sobre literatura também são fabulosos. Só não dou muito crédito para as opiniões cinematográficas do rapaz (mas isso é outra história).
Eduardo é exatamente um mês mais velho que eu, e lendo a apresentação dele no Digestivo Cultural descubro que começamos a gostar de literatura com a mesma idade, através de um mesmo escritor - William Somerset Maugham. Bem, as semelhanças param por aí, pois o Eduardo é muito mais refinado, classudo, viajado e inteligente que eu - este-pobre-camponês-colhedor-de-amoras, etc...E chega de rasgar seda.
A única coisa que não entendo é o porquê de ele escolher Caos Paulo para viver - deve ter suas razões.

Para alguém que aqui caia de pára-quedas: vá para . E viva minha geração, que não está de todo perdida.

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