Não pode ser correto dizer que o pudor é uma herança da cultura judaico-cristã.... tem algo de errado nisso. Assim como não é certo associar sempre essas duas coisas. Que existe uma linha comum e tênue é inegável, mas ela se restringe aos nossos conceitos, formado ao longo dos anos, e só serve para quando estamos discutindo (especulando) coisas, mas nunca para quando estamos vivendo.
Na realidade, longe dos teoremas, as coisas mudam, porque ninguém, ou quase ninguém, pára para pensar em cultura na hora de conter um desejo ou se entregar a ele.
O pudor é feito da mesma matéria que o desejo e já está dentro de nós - a diferença é que o seu sentido é inverso. O pudor está para nós assim como o instinto de preservação está para a selva. Temos todos esses dois impulsos, que se equilibram ou pendem conforme pessoas, épocas ou situações. São coisas nossas, inerentes, e não regras, sabedorias ou ditames; enfim, algo que venha "de fora". Se tivéssemos só o desejo, sem uma “trava” para contê-lo, viveríamos como os animais e certamente não seríamos tão complexos.
Penso que é errado atribuir o pudor à cultura judaico-cristã porque essa tal de cultura judaico-cristã teria que ter muito “chaveco” para eliminar o desejo das vidas das pessoas. Other words: esse decreto contrário às paixões teria, obrigatoriamente, que falar a mesma língua do desejo; o que só é possível caso seu movimento seja de dentro para fora, e não o contrário.
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