Wednesday, May 17, 2006

Matei a charada!

Estava aqui pensando, muito sisudo e compenetrado, a respeito das falhas do teatro contemporâneo; vejá só que coisa... digo, pensava mais precisamente nesses textos escritos de uns trinta anos pra cá, e no porquê de sempre haver neles uma sobrecarga de cérebro em contraponto com uma lamentável escassez de emoção e drama. Falta do que dizer, i suppose...
O fato é que depois de dar muitas voltas e nós na cabeça cheguei à conclusão mais óbvia de todas: o que falta ao teatro moderno é tão somente a boa e velha simplicidade. O dramaturgo atual quer reinventar a roda, e tudo o que consegue fazer é criar um emaranhado de "elementos" modernosos, sempre tendo em vista o espetáculo; ou seja, tudo no sentido de literalmente montar a maldita peça. E assim nascem aquelas encenações cheias de parafernalhas, fios, cabos, figurinos de lata, isso plugando naquilo, etc. Você percebe que há uma vontade desesperada de dizer algo, e o mais inacreditável é que, em alguns casos, realmente há algo a ser dito; mas qual o quê? Fica tudo tão sufocado pelas (oh!) idéias mirabolantes, que pra você entender a tal da mensagem só mesmo procurando com muita paciência nas entrelinhas. E haja paciência, diga-se...

Por que não apredem com os antigos? Deos do céu, o teatro grego é completo. É simples, direto e (morram de inveja, mudernos) é belo. A sua cabeça não dói de tanto fazer força para entender o que aquelas pessoas tão distantes no tempo sentem e pensam durante o desenrolar da ação.
O problema do teatro moderno é que a parte complexa do texto vem na frente, para imprimir um ar inteligente, enquanto que a outra parte, que deveria ser simples, fica soterrada debaixo das grandiosas "idéias". O teatro antigo é superior porque reverte (para os olhos modernos) a ordem dessa situação.

Ah, até aqui escondi um fato: quando falo de teatro moderno estou me referindo à dramatugia brasileira, é claro. Bem feito pra mim, que insisto em chafurdar nas peças da térrinha.

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