Wednesday, June 22, 2005

A Estranha Maldição

Descobri que gosto de filmes e romances policiais. Antes, por pura falta de interesse, eu passava longe de tudo o que envolvesse solução de crimes misteriosos, detetives e etc.
Lendo A Estranha Maldição, de Dashiell Hammett, fui obrigado a passar em vista todos os meus preconceitos com relação ao gênero. Aqui não é só a solução do mistério que faz o livro interessante; tem também os diálogos intrigantes, as situações absurdas ( porém críveis) e a ausência de clichês.
Um desses contornos de clichês, para não mencionar o do assassino misterioso, é o do detetive durão. Um dos motivos da minha suspeita diante do gênero policial era essa coisa do herói turrão -o fodão da história. Tenho aversão a autores que tentam conquistar o leitor com esse tipo de artimanha. Um bom personagem não precisa ser exagerado para me cativar; aliás, sou dos que consideram secundárias as idiossincrasias de personagens; deixo essas coisas sempre para segundo plano.
O detetive de A Estranha Maldição simplesmente não tem tempo para ficar desfilando uma suposta fodice, ou imprimir em cada página um: "Eu sou demais!" - as coisas vão acontecendo com tamanha rapidez, que sua atenção (a do leitor) é obrigada a se espalhar por todos os aspéctos do romance, inclusive os descritivos. E isso é emocionante.
A maldição, a hipótese do sobrenatural, não pode ser descartada em nenhum momento, embora o detetive pense o contrário; e se eu "desse ouvidos" a todas as falas dele (por ser fodão) o romance perderia a metade da graça.
Estou quase no fim do livro; lendo bem devagar, com aquele dó de terminar. Mesmo que o final me decepcione, coisa de que duvido muito, o livro já é um dos meus clássicos. Ainda quero ler tudo de Dashiell Hammett.

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